quinta-feira, 14 de abril de 2011

Superfreakonomics - Steven Levitt e Stephen Dubner


Em 2005, o economista Steven Levitt e o escritor Stephen Dubner se juntaram para escrever um livro de economia diferente de todos os outros já lançados, que abordasse situações cotidianas através de uma ótica bem incomum, estranha até, e daí surgiu Freakonomics (trocadilho entre as palavras economia e estranho), que vendeu 4 milhões de exemplares. Com a proposta de mostrar o "lado escondido" das coisas, o livro insere conceitos de economia nas coisas mais triviais com as quais nos deparamos diariamente, numa linguagem acessível a qualquer leigo no assunto. A capa sugere a surpresa da leitura através da foto de uma maçã verde cortada, e em seu interior o conteúdo de uma laranja.

Fiquei bem interessado nesse livro, mas nunca li e não é sobre ele que vou escrever, mas sim do segundo livro da série, o Superfreakonomics, que como não é uma continuação direta de nenhum assunto tratado no primeiro, pode ser lido sem problemas. A proposta continua a mesma: mostrar o lado desconhecido de certas situações do cotidiano e exemplificar conceitos de economia através de atitudes que qualquer um toma em sua vida, por exemplo, demonstrar que a discriminação de preços, uma estratégia utilizada por empresas monopolistas, também é utilizada pelas prostitutas de rua (tudo bem que nem todos os leitores são prostitutas ou recorrem aos seus serviços, mas há diversos outros exemplos com os quais qualquer um pode se identificar).

Ao longo do livro, muitos assuntos interessantes, bizarros e, por vezes, ridículos são apresentados por essa ótica de um economista nas palavras de um escritor: qual a relação entre o tamanho do pênis dos indianos e o controle de natalidade? Que tipo de pessoas visita asilos? Como fazer seu filho ser um astro dos esportes? Por que a quimioterapia é tão utilizada se é tão ineficaz? E por aí vai. As informações a respeito dos diversos (e às vezes esdrúxulos) assuntos são conseguidas por meio de trabalhos de especialistas em economia ou qualquer outra área, por entrevistas, estatísticas, experiências e interpretações de dados.

Apesar da boa recepção, tanto o Freakonomics como sua sequência receberam algumas críticas por causa da falta de crédito de muitas dessas fontes, de interpretações erradas e de posições controversas. Em Superfreakonomics, o tema mais delicado é o aquecimento global. Neste ponto, os autores foram duramente criticados por diversos especialistas em economia e ciências (incluindo publicações importantes como The Guardian e The Economist), por causa de suas colocações sobre a relativização do papel do dióxido de carbono e a defesa de que o clima global pode ser regulado pela ação humana.

Durante a leitura, também tive essa sensação de que havia muita coisa surpreendente e divertida ali, mas que ao mesmo tempo algumas informações eram meio duvidosas, retiradas de estudos de pesquisadores que ninguém nunca ouviu falar. Além disso, o texto começa leve e agradável, mas através das páginas torna-se cansativo e repetitivo, e atrelado a alguns assuntos não tão interessante, torna a leitura um pouco monótona em algumas passagens. Em suma, Superfreakonomics é um livro diferente e original, com alguns problemas de conteúdo e escrita. Dá pra ler, mas no meu caso não estimulou a leitura do outro livro da série, prefiro devorar um bom manual de economia.

Editora: Campus
Páginas: 247
Disponibilidade: normal
Avaliação: * * *

Obs: O preço da edição brasileira é muito alto (como qualquer livro da editora Campus), comprei a edição original importada por 1/3 do valor (e a capa é mais legal, a tal da maçã explodindo, em vez de cortadinha como na foto acima).

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